segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A Árvore da Vida de Terence Malick



A Árvore da Vida de Terence Malick
Um filme inteligente sobre nossa condição de seres humanos
Por Renato Eugênio

            Todo mundo gosta de cinema, é quase um assédio para os olhos. Essa arte há tempos foi transformada em indústria. Aquele filme que você gosta, que possui personagens marcantes, diálogos incríveis que você até decorou, seguem uma fórmula e é por isso que dá certo. Se seguirmos a receita, o bolo sempre ficará bom.
            Não é difícil entender a receita do sucesso. Em qualquer produção milionária, se prestarmos atenção, encontraremos a fórmula. Nos primeiros dez minutos de história, você já conhecerá todos os personagens e a trama que os envolve, é o Ato I, a apresentação do enredo. No final dessa apresentação, acontecerá algo surpreendente que levará a história para frente, esse fato é chamado de ponto de virada. É o início do Ato II, a confrontação. Onde o herói será provado até que novamente aconteça outro ponto de virada que o leva até o Ato III, a resolução da história.
            É claro que não é tão simples assim, mas basicamente a estrutura de um roteiro de sucesso é essa. Se você encontrar essa estrutura, não quer dizer que você será um grande roteirista. Entender como funciona um carro não faz de você um mecânico, certo? Não é tão simples quanto parece, principalmente quando nos deparamos com obras complexas, onde navegam em silencio o épico e o lírico nas águas do drama. O cinema nacional é repleto de gênios do roteiro, se você assistiu Cidade de Deus, Tropa de Elite saberá do que estou falando.
            Agora esqueça tudo. Terence Malick é um gênio de hollywood que dispensa o livro de receita. Malick não segue fórmulas, é um artista, não um engenheiro que se apoia em milhões de estatísticas e fórmulas para construir sua obra. Em Árvore da Vida, o quinto filme de toda sua carreira, Malick prova que é um grande artista e acima de tudo um grande homem que reflete sobre a vida com respeito.
            Ao mesmo tempo que conta a história de uma família americana da década de 50, tece um discurso existencialista através de imagens do universo e da natureza. Não espere encontrar uma apresentação dos personagens no início do filme, seguido de desencontros, tensões até que haja uma conclusão para a história. Árvore da Vida é uma obra de arte para ser apreciada. É um filme lento, que o deixa pensando dias depois da experiência de assisti-lo.
            Brad Pitt interpreta um pai opressor e preocupado em cuidar bem dos três filhos.A mãe (Jéssica Chastain), é o porto-seguro e a afeição que eles necessitam. Em paralelo, é contada um pouco da história do que se tornou o filho mais velho, Jack, que é interpretado por Sean Penn. Enquanto adulto, Jack se tornou um arquiteto de sucesso, que se encontra perdido meio a cidade grande e problemas mal resolvidos com o pai.
No meio desse drama, através de imagens de vulcões, da origem do universo e supernovas, Malick cria um roteiro fractal e não linear como de costume. Em vários momentos fractais são apresentados em formas de folhas e do sistema sanguíneo. O roteiro de Malick não segue uma linha, ele evolui em diversos ramos, assim como uma árvore genealógica. 

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